quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ninguém muda ninguém;
ninguém muda sozinho;
nós mudamos nos encontros.
Simples, mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos tranformamos.
Somos tranformados a partir dos encontros,
desde que estejamos abertos e livres
para sermos impactados
pela ideia de sentimento do outro.
Você já viu a diferença que há entre as pedras
que estão na nascente de um rio,
e as pedras que estão em sua foz?
As pedras nas nascentes são toscas,
pontiagudas, cheias de arestas.
A medida que elas vão sendo carregadas
pelo rio, sofrendo a ação da água
e se atritando com as outras pedras, ao longo de muitos anos,
elas vão sendo polidas, desbastadas.
Assim também agem nossos contatos humanos.
Sem eles, a vida seria monótona, árida.
A observação mais importante é constatar
que não existem sentimentos, bons ou ruins,
sem a existência do outro, sem o seu contato.
Passar pela vida sem se permitir
um relacionamento próximo com o outro,
é não crescer, não evoluir, não se transformar.
É começar e terminar a existência
com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.
Quando olho para trás, vejo que hoje carrego em meu ser
várias marcas de pessoas extremamente importantes.
Pessoas que, no contato com elas,
me permitiram ir dando forma ao que sou,
eliminando arestas, transformando-me em alguém melhor,
mais suave, mais harmônico, mais integrado.
Outras sem dúvida,
com suas ações e palavras me criaram novas arestas,
que precisam ser desbastadas.
Faz parte...
Reveses momentâneos servem para o crescimento.
A isso chamamos experiência.
Penso que existe algo mais profundo,
ainda nessa análise.
Começamos a jornada da vida como grandes pedras, cheias de excessos.
Os seres de grande valor,
percebem que no final da vida,
foram perdendo todos os excessos
que formavam suas arestas,
se aproximando cada vez mais de sua essência,
e ficando cada vez menores, menores, menores...
Quando finalmente aceitamos
que somos pequenos, ínfimos,
dada a compreenção da existência
e importância do outro,
e principalmente a grandeza de DEUS,
é que finalmente nos tornamos grandes em valor.
Já viu o tamanho de um diamante polido, lapidado?
sabemos quanto se tira
de excesso para chegar ao âmago.
É lá que está o verdadeiro valor...
Pois, DEUS fez a cada um de nós com um âmago bem forte
e muito parecido com diamante bruto,
constituido de muitos elementos,
mas essencialmente de AMOR.
DEUS deu a cada um de nós essa capacidade,
a de AMAR...
mas temos que aprender como.
Para chegarmos a este âmago,
temos que nos permitir,
através dos relacionamentos,
ir desbastando todos os excessos
que nos impedem de usá-lo,
de fazê-lo brilhar.
Por muito tempo em minha vida acreditei
que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ferir e ser ferido,
ter que provocar raiva,
ignorar e ser ignorado
faz parte da construção do aprendizado do amor.
Não compreendia que se aprende a amar
sentindo esses sentimentos contraditórios e...
os superando.
Ora, esses sentimentos simplesmente
não ocorrem se não houver envolvimento...
E envolvimento gera atrito.
Minha palavra final: ATRITE-SE!
Não existe outra forma de descobrir o AMOR.
E sem ela a VIDA não tem significado.
(Roberto Crema)
Presidente do Colégio Internacional dos Terapeutas - UNIPAZ.-

terça-feira, 8 de junho de 2010

Preciso de Alguém
Que me olhe nos olhos quando falo.
Que ouça as minhas tristezas e neuroses com paciência.
E, ainda que não compreenda, respeite os meus sentimentos.
Preciso de alguém, que venha brigar ao meu lado sem precisar ser
convocado;
Alguém Amigo o suficiente para
dizer-me as verdades que não quero
ouvir, mesmo sabendo que posso odiá-lo por isso.
Nesse mundo de céticos, preciso de alguém que creia, nessa coisa
misteriosa, desacreditada, quase impossível:
- A Amizade.
Que teime em ser leal, simples e justo, que não vá embora se algum
dia eu perder o meu ouro e não for mais a sensação da festa.
Preciso de um Amigo que receba com gratidão o meu auxílio, a minha mão estendida.
Mesmo que isto seja muito pouco para suas necessidades.
Preciso de um Amigo que também seja companheiro, nas farras e
pescarias, nas guerras e alegrias, e que no meio da tempestade, grite em
coro comigo:
"Nós ainda vamos rir muito disso tudo”
e ria muito.
Não pude escolher aqueles que me
trouxeram ao mundo, mas posso escolher meu Amigo.
E nessa busca empenho a minha própria alma, pois com uma
Amizade Verdadeira,
a vida se torna mais simples, mais rica e mais bela ...

Charlie Chaplin

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Afinidade

Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois.

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente também.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
Ter afinidade é muito raro.
Mas, quando, existe, não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
é receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com, não é sentir contra,
Nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto mais impossibilidades vividas.

Afinidade é retornar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação.
Porque o tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (ou tiradas) pela vida.

Arthur da Távola